«Uma das nossas responsabilidades é providenciar aos associados o acesso a formação comportamental.»
«Uma das nossas responsabilidades é providenciar aos associados o acesso a formação comportamental.»
O presidente da Delegação Regional Norte (DRN) da Ordem dos Economistas fala do papel da instituição no âmbito da formação dos seus associados, sobretudo na área comportamental. Na sua opinião, «um economista, para ser reconhecido no mercado como um profissional sénior, precisa de saber comunicar e influenciar as pessoas com quem interage».
António Cunha, da Ordem dos Economistas
Qual é a importância da economia comportamental e dos programas de formação que a Ordem dos Economistas tem oferecido nesta área nos últimos anos aos seus membros?
A Ordem dos Economistas entende que os economistas têm uma formação de base de âmbito científico-tecnológico. É o saber-saber, com algum saber-fazer, este último conseguido essencialmente no âmbito dos estágios profissionais.
Com o passar do tempo, os profissionais de economia necessitam de sessões de atualização de conhecimentos, mas também de formação de âmbito comportamental. É o saber-estar, o qual não é ensinado nos programas de licenciatura.
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É verdade que a economia comportamental é um ramo da ciência que estuda esses fenómenos, mas não treina os seus estudantes para os desafios de uma vida em sociedade. Uma das nossas responsabilidades é providenciar aos associados o acesso a formação comportamental, para que estes, de uma forma mais estruturada, consigam ter um desempenho profissional superior ao de quem não pertence à Ordem dos Economistas
Que impacto esperam da iniciativa «Power Speaker» no âmbito da comunicação em público?
Trata-se de mais uma edição de um programa que temos vindo a realizar periodicamente, sempre em parceria com o Seal Group, e cuja opinião dos participantes tem sido sempre muito positiva e elogiosa para os formadores.
Nos Estados Unidos estes temas são objeto de formação e treino há cerca de 100 anos, e embora em Portugal tenhamos iniciado há relativamente pouco tempo, acredito que todos os profissionais de economia estão cientes da importância de saber falar em público. Para motivar e liderar equipas é necessário ser um bom comunicador.
Um economista, para ser reconhecido no mercado como um profissional sénior, precisa de saber comunicar e influenciar as pessoas com quem interage. É esta competência que os associados da Ordem dos Economistas esperam conseguir treinar na iniciativa.
Acha que poderemos evoluir em Portugal do conceito de PIB (Produto Interno Bruto) para o de FIB (Felicidade Interna Bruta)?
Os conceitos são complementares. Quer dizer, podemos ter ambos. Há 10 anos que faço apresentações sobre o tema da FIB, e sem dúvida que é um indicador importante.
Por outro lado, não está provado que não exista uma relação entre ambos. Intuitivamente entendemos que embora o dinheiro não traga felicidade, em casa sem pão todos ralham e ninguém tem razão.
Frederick Herzberg já tinha previsto isto, na sua Teoria dos Dois Fatores. O fator higiénico (dinheiro, medido pelo PIB) é necessário para que não exista insatisfação, mas a satisfação apenas se consegue com o fator motivacional (sentimentos do indivíduo).
A economia é uma ciência social. Como tal, as suas manifestações mensuráveis (PIB ou FIB) são o resultado da agregação dos comportamentos dos indivíduos. Compreender o indivíduo é o primeiro passo para compreender a multidão. A economia comportamental está a desbravar esse caminho.
»»» António Cunha é presidente da Delegação Regional Norte (DRN) da Ordem dos Economistas. Esta ordem profissional, criada em julho de 1998, tem contribuído para a afirmação dos economistas na sociedade portuguesa. Contando com cerca de 12.500 membros, destaca-se pela promoção de ações de desenvolvimento pessoal e profissional como forma de valorizar as competências dos profissionais e a sua diferenciação no mercado laboral